ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: P175

Poster (Painel)


P175

Avaliação da eficácia de protetores auditivos, utilizando “Microphone in Real Ear”

Autores:
GOMES, R.F.1, MOREIRA, R.R.1, SAMELLI, A.G.1
1 USP - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Resumo:
Resumo Simples

A atenuação fornecida pelos protetores auditivos (PA) deve ser suficiente para proteger a audição do usuário, sem que haja superproteção, evitando efeitos negativos como isolamento comunicativo e inabilidade em ouvir sons de alerta. Os objetivos deste estudo foram: avaliar a eficácia dos PA tipo concha em uma população exposta a ruído ocupacional, utilizando método objetivo MIRE; verificar a ocorrência de subproteção durante o uso do PA; comparar a atenuação média deste estudo com valores fornecidos pelo fabricante; correlacionar algumas variáveis obtidas pelo questionário com a presença de perda auditiva. Participaram do estudo 30 indivíduos do gênero masculino expostos a ruído ocupacional. Os procedimentos realizados incluíram: questionário; meatoscopia; dosimetria; audiometria tonal. As medidas com o dosímetro foram realizadas utilizando-se um microfone-sonda (MIRE), captando o ruído atenuado pelo PA e um microfone lapela (ML), captando o ruído ambiente. A diferença entre o ML e o MIRE forneciam os valores de atenuação do PA. Foi calculada a dose de ruído projetada para 8 horas, baseada nos valores do MIRE. Os valores de atenuação obtidos neste estudo foram comparados àqueles fornecidos pelo fabricante deste PA. Para análise estatística, foi utilizada ANOVA com medidas repetidas, nível de significância de 5%. O perfil audiológico mostrou: 44,8% dos indivíduos com perda auditiva na orelha direita e 41,4% na orelha esquerda; 27,6% apresentaram perda auditiva nas duas orelhas e 41,4% com audição normal. Ao comparar as médias do nível de ruído no ML e no MIRE, foi observada diferença estatisticamente significante para todas as freqüências avaliadas. Verificou-se que 30% dos indivíduos estavam subprotegidos, com diferença estatisticamente significante entre os grupos, sendo que a maioria recebia proteção adequada. Ao relacionar uso do protetor auditivo com perda auditiva, observou-se que o maior número de indivíduos com perda auditiva não utilizavam PA, tiravam o protetor para conversar e relataram incômodo com o PA, porém, sem diferença estatisticamente significante. Foi comparada a atenuação média, bem como a atenuação por banda de freqüência dada pelo PA, com a atenuação expressa pelo Certificado de Aprovação do fabricante; a atenuação da amostra deste estudo foi semelhante aos valores fornecidos pelo fabricante, com diferença estatisticamente significante apenas para as frequências de 4000Hz e 8000Hz. Os resultados mostraram que: o PA utilizado diminui significantemente o ruído que atinge os indivíduos; no entanto, 30% deles estão subprotegidos; apesar da amostra pequena e de não haver diferença estatisticamente significante entre o hábito de não utilizar o protetor e a presença de perda auditiva, acreditamos que o incômodo com o uso deste dispositivo e o hábito de retirá-lo para conversar interferem na eficácia do protetor, facilitando o aparecimento de perda auditiva. Além disso, a comparação dos resultados do estudo com os dados do fabricante mostra que a atenuação real nem sempre corresponde à atenuação esperada, sendo necessário melhor treinamento dos funcionários, para que a atenuação real se aproxime ao máximo da atenuação que o PA é capaz de oferecer, e é necessário que a eficácia do PA seja mensurada, garantindo que o programa de conservação auditiva esteja implementado adequadamente.

Palavras-chave:
 audição, ruído, dispositivos de proteção das orelhas